Nunca ter sido uma pessoa tolerante, que ouve e respeita a opinião alheia, deve ter limitado uma porção de aprendizados que poderiam ter me enriquecido um bocado. Porém agora, com a docência, aliada a uma auto-observação constante e conversas com a L., tenho tentado inserir um pouco mais dessa postura no meu espírito.
Às vezes é muito bom ser mais receptivo às diversidades, aliás, em certas situações, torna-se inevitável. Tenho pensado, e passado por experiências, que me levam a crer que a arrogância serve como um escudo para com a argumentação alheia. Escudo-refletor que, ao mesmo tempo que me faz ridicularizar a opinião de outrem, reforça, nele, sua convicção. Discutir com uma pessoa ortodoxa utilizando de inflexibilidade e ironia faz com que sua verdade se torne inabalável e o interlocutor arrogante acabe se tornando, aos seus olhos, um inapto à recepção e compreensão dessa verdade.
Não que eu esteja próximo de formar uma opinião favorável ou contrária à intolerância. O fato é que, observando o que fui - orgulhoso e intolerante (mais que atualmente) -, percebo que uma postura menos dura para com a crença alheia - por mais estúpida que ela pareça ser, e pensar que elas são é inevitável - propicia um diálogo mais puro, onde as partes não estarão somente preocupadas em se salvaguardar, mas dispostas a demonstrar o que há de melhor nos seus pontos de vista, coisa que, definitivamente, fica de fora nos argumentos de defesa, permeados da agressividade do sentimento de preservação.
"Why should we have compassion for others,
when God Himself has had no pity... on others?"
Tibet