10 outubro 2011

Silenciosa

Hoje fui ao Giraffas comprar algo pra jantar e, enquanto esperava meu pedido, comecei a observar um casal com uma menina na fila. Um sujeito gordo, de camisa pólo gasta, bermuda jeans e chinelos. A mulher com um velho casaco de lã. Ela se abaixou para fazer algum gracejo com a menina enquanto o homem pedia e pagava. Depois sentaram-se em uma mesa à minha frente para esperar também. A primeira coisa que a mulher fez foi colocar o cotovelo na mesa e apoiar a cabeça na mão. Olhava para a parede, de um modo tão distante que a envelhecia em não sei quantos anos. A mão espalmada na bochecha deixava à vista a grande aliança dourada. Perguntei-me se era esse o significado daquele anel, sentar para jantar com aquele que o botou no seu dedo, sem trocar uma palavra.

O homem começou a brincar com a menina, e ela parecia feliz. A mulher olhava para os dois como se olhasse para dois estranhos, ou como se assistisse a um programa sem muita importância à televisão. O sujeito não dirigia o olhar para ela, só brincava distraído com a garotinha. A mulher voltou a fitar a parede.

Senha 191; livrou-me daquela cena.

19 agosto 2011

Posto que Hollywood e as novelas globais transformam em patê os cérebros juvenis

Hoje assisti Tróia com os meus alunos do ensino médio. O filme com o Brad Pitt como Aquiles e tal. Acho o filme espetacular (mesmo isso sendo incoerente com o título deste texto), já que fico realmente emocionado com a possibilidade de visualizar tudo aquilo que imaginamos quando lemos a Iliada. De qualquer forma, o texto não é sobre o que eu acho e sim sobre a recepção do filme pelos alunos.

Certo, falamos um pouco sobre a Ilíada e a Odisséia antes de assistirmos ao filme. Todos sabiam quem era Aquiles, Heitor, a história do cavalo, e tudo mais. Demorou uma boa hora para que os alunos começassem a se interessar de verdade pelo filme, o que aconteceu lá pela cena em que Páris desafia Menelau. A partir daí não queriam mais parar de ver, e o interesse foi crescendo, tanto pelo filme quanto por alguns aspectos da cultura grega.

Acompanhamos aquele romance insosso do Aquiles e da Briseides (que confesso, não lembro se há no livro, que li há tempos). Todos sabem que no final Aquiles morre e, no filme, há uma cena dramática onde ele, imediatamente após reencontrar Briseides, é cravejado pelas flechas de Páris. Neste momento os alunos iniciaram uma série de brados indignados contra Páris, pois "Aquiles e Briseides mereciam ficar juntos", "eles se amam", e toda esta lorota romantizada que é injetada todos os dias nestes cérebros tão fragilizados.

Os alunos, a partir do meio do filme até a tomada da cidade troiana, estavam adorando tudo. Mas, ao final, depois da morte de Aquiles, disseram ter odiado assistir aquilo, pois aquele final teria estragado a história.

Estragado a HISTÓRIA?

Este bombardeio da cultura do melodrama, da romantização forçada de todas as situações, do terrível clichê hollywoodiano de sempre criar um casal dentro de um filme - seja na história que for - idiotizou as pessoas. Sempre suspeitei que isso acontecia, mas hoje pude comprovar de forma irrefutável. Se o casal não sela seu romance pela eternidade, ou se, pelo menos, seu fim não é representado por meio de um sacrifício de amor sem precedentes, não há sentido nos acontecimentos, tudo é em vão.

Quem é Agamenon ou Heitor? Quem se importa com Ulisses e aquele seu cavalinho tosco? E o destino dos mirmidões? A quem interessa que Tróia tenha combater toda a Grécia sozinha? Isso não é história! A história só vale pelo amor de Aquiles e a troiana que, por não ter se concretizado, não concretizou a própria história.


16 agosto 2011

O sagrado ódio da hora do almoço

Já falei disso antes, mas não consigo não me chocar com a existência real de "socialites", festas beneficentes onde todo mundo come caviar, bebe champanhe, esse tipo de coisa. Pior ainda é ver que a cobertura desse tipo de evento tem espaço na TV aberta, ou seja, é para pobre ver! E eu não consigo admitir que alguém queira assistir um senil apresentador medíocre entrevistando "damas" em suas festas de aniversário onde vão 500 pessoas discutir como são bondosas para a sociedade; e o programa nos mostra, por tabela, o quanto elas são boas demais para se misturar a essa mesma sociedade que tanto amam e ajudam com seus bailes beneficentes e arrecadações de caridade.

Tem muita gente legal por aí que não deseja o mal para ninguém e tal. Eu desejo.

05 agosto 2011

A fênix de Wembley

O ano: 1958. O time do Manchester United, novo gigante do futebol britânico e europeu, composto por jovens garotos, sofre um grave acidente de avião na Alemanha, quando retornava de um jogo contra o Estrela Vermelha, da Iugoslávia. Apenas 3 dos jogadores voltam para casa.

Nesse tempo o futebol ainda não era o mega-mercado de hoje em dia. O Manchester começa a receber cartas com singelas contribuições às famílias dos jogadores, que não tinham seguro e mal ganhavam o suficiente para poderem se casar. Crianças enviavam suas mesadas e secretárias voluntárias - já que não havia dinheiro para salários - ajudavam a separar as cartas. O time quase acaba, pois não havia verba para a contratação de novos jogadores, mas sabemos que as coisas não terminaram por aí para os demônios vermelhos.

Na final da Copa dos Campeões, ainda em 1958, o United, com apenas três dos jogadores originais em campo, apresenta seu novo uniforme, com uma fênix dourada no peito. Os Busty Babes ressurgiam das cinzas para reiniciar o vôo daquele que seria um dos maiores times europeus.




02 agosto 2011

Satanismo, caranguejos e zumbis

Como muitos, achei por um bocado de tempo que os filmes do Zé do Caixão (Mojica) eram os únicos de terror lançados no Brasil. Aliás, também há bastante gente que acredita não haver filme de terror algum por estas terras. Claro que rola uma vergonha em admitir isso mas, tentando me redimir, comecei a pesquisar um pouco sobre a produção - recente - do terror nacional e, inicialmente, deparei-me com dois filmes: Amor só de mãe e Mangue Negro. O primeiro conheci no cynicozilla.blogspot.com, já o Mangue Negro não me lembro onde fiquei sabendo, mas lembro que a L. o indicou para mim, embora já soubesse de sua existência.


Assisti primeiro o Amor só de mãe, um premiado curta do diretor Dennison Ramalho. Não havia pretensão nenhuma da minha parte para com o filme, tanto que o coloquei para rodar enquanto esperava a L. chegar em casa, sentado ao computador. Para minha surpresa o filme rapidamente capturou toda minha atenção desde os momentos iniciais, com alusões a satanismo misturado à magia negra afro-brasileira do começo ao fim. Não há aqui qualquer pretensão a efeitos visuais rebuscados, mas um foco na tensão psicológica, pois as situações criadas não são aquelas que chocam o espectador pela violência gráfica, mas pela "coisa ruim" causada por presenciar o que se passa. De passatempo o filme entrou para os meus poucos favoritos no filmow assim que terminei de assisti-lo.

O diretor Dennison Ramalho tem um outro filme chamado Ninjas que, se não me engano, mostra um grupo de operações especiais da policia, com direito a tortura e muita violência gráfica, mas parece que não é nada fácil encontrá-lo.

Já com Mangue Negro a história era outra. Eu sabia que o filme é aclamado como uma das maiores produções do terror nacional, uma das mais criativas, e esperava muito do filme. Talvez por isso tenha me decepcionado. Não que o filme seja ruim, pelo contrário, é interessantíssimo, muito criativo, mas alguns aspectos não me agradaram. Para não ser injusto e apontar somente o que para mim foram falhas, comento também um pouco do que mais gostei no filme.

Em Mangue Negro os personagens principais aparecem cobertos de sangue desde quando a ação começa até o final do filme. Mas cobertos mesmo de sangue, dos pés à cabeça, e não pude deixar de pensar em uma homenagem aos tempos de ouro do mestre Raimi, embora Luis (Walderrama dos Santos) não tenha, nem de longe, o carisma de um Ash. Por falar em Evil Dead, há aqui uma linda cena em stop-motion de um zumbi mecânico enlouquecido dentro de uma cabana. Impossível não lembrar das antológicas cenas finais do primeiro filme da trilogia do Sr. Raimi. Aliás, os zumbis mecanizados são um show à parte, com uma maquiagem tenebrosa que realmente convence.

Agora, um dos pontos que mais me chatearam durante o filme: os atores. Não gostei da atuação de nenhum deles, a não ser de Markus Konká, que faz o interessante Agenor. Luis, o protagonista, é extremamente insosso e, quando toma os ares de herói por conta de uma moça por quem é apaixonado, não convence, além de cair em um clichê desnecessário. Outro problema com os personagens é o fato de não terem colocado mulheres para fazer o papel das velhas. Por que diabos usar homens maquiados no papel de senhoras idosas? Não acredito que não havia atrizes disponíveis para isso, já que o resultado é sofrível. A mãe da personagem Rachel parece um personagem do antigo Hermes e Renato, enquanto Dona Benedita, a preta velha, aporrinha nossa paciência em longas cenas em que sua voz de homem-fingindo-ser-uma-velha se arrasta.

Há também um problema com a maquiagem que não entendi, já que nos zumbis ela é muito boa; o pai de Rachel é um homem idoso, mas quando o vemos pela primeira vez, parece um sujeito com o corpo completamente coberto por queimaduras. Esperei a explicação para essas cicatrizes até que entra em cena Dona Benedita e, só então, entendi que as queimaduras eram para ser rugas (?), e que o homem queimado era, na verdade, só um velho.

Apesar das falhas, mangue negro é um bom filme que vem nesta safra de filmes que promete muito.

Claro que ainda me falta conhecer muita coisa, não vi nenhum filme do Felipe M. Guerra, as coisas da Black Vomit, etc., mas já deu para saber que não só de Zé do Caixão vive o lado esquerdo do cinema nacional, e ficar satisfeito por saber que há muito a conhecer e muito ainda a surgir.

P.S.: é interessante saber que Amor só de mãe foi inspirado em uma música de Vicente Celestino, chamada Coração Materno. Ei-la:

26 julho 2011

No rastro de alguma coisa

Acho muito interessante este lance de encontrar coisas raras, melhor ainda, de encontrar coisas que pertencem a um determinado local, e que ficaram fechadas nesse lugar, por mais globalizadas que estejam as possibilidades de se entrar em contato com qualquer coisa.

Em uma aula ouvi o professor comentar sobre um livro com uma de suas orientandas. Como não tinha o que melhor fazer, curiei a conversa. Conversavam sobre um autor goiano; foi aí que fiquei mais interessado pelo assunto já que, apesar de morar no Goiás, não conheço quase nada da literatura local. O autor em questão era Heleno Godoy, de quem eu nunca ouvira falar. O livro era As lesmas, romance sobre um amor homossexual em pleno regime militar. O livro em si foi lançado durante esse período, no ano de 1969.

Pois bem, o que o segundo parágrafo tem a ver com o primeiro? Prossigo: Fiquei muito curioso em conhecer o livro e comecei a procurá-lo. Encontrei a edição original (li em algum lugar que há uma edição nova, já dos anos 2000) em um sebo/banca de jornais de Goiânia. Claro que utilizei a internet para isso - eis a possibilidade globalizada - já que não podia ir à capital goiana atrás do livro. Comprei-o, li, e não achei lá grande coisa.

O que acho interessante é pensar em pequenos livros como sendo aqueles lendários compêndios medievais e que, lançadas pouquíssimas cópias nas masmorras de uma universidade semi-interiorana no final dos anos 1960, algumas poucas cópias perambulem pelo submundo dos apreciadores das páginas amareladas.



25 julho 2011

Take this vow with me


the wars are moving north
to our isles of green
through countries washed out
by storms of steel
but they shall not pass – we shall not yield
for freedom is a love not proved
in the letting go

for all they ever allow us to be
is an alibi, a breath mint for greed
thus we live gravely, thus we die slowly
thus we hide in self-control

we who came out here
to give an empire to this loneliness
that surrounds and enslaves
defines and degrades us
say we’re mad with hope, say it’s all but smoke
say we’re all gonna perish in the snows

take this vow with me
to stay close, to be near
to be oh so sincere
take this vow with me
for you must know
there’s nothing left around here

and so you toss a coin at every turn
to know what bridge to cross
white bridge to burn
along the towers, on the riverbanks of france
with spain still in our hearts

while we’re wondering why we are all
so quick to seperate
sex and love but not church and state
and why they have made
all of us slaves to god and to debt
to fears and regrets

take this vow with me
to stay close, to be near
to be oh so sincere
take this vow with me
for you of all must know
there’s nothing left around here

for we were not born to live their lie
in houses built to keep the tv dry
so to make you see, to make us heard
we’ll have to rebuild our islands word by word

take this vow with me
to stay close, to be near
to be oh so sincere
take this vow with me
for you of all people must know
there’s nothing left around here

14 junho 2011

Arterapia?

Há uns dois anos peguei um panfleto onde um diretor de escola, para anunciar o curso de artes plásticas de sua instituição, citava os porquês da importância da arte. Dentre esses motivos o de maior destaque era sua suposta função terapêutica. Incomodei-me imediatamente com essa concepção e cheguei a rascunhar algumas linhas a respeito disso em algum caderno, onde afirmei acreditar que a arte, se vista como mera válvula de escape para os problemas pessoais do autor, não passaria de um medíocre processo de auto-ajuda, dificilmente validado como arte.

Hoje, ao ler algumas linhas dos cursos de estética de Hegel, precisamente no momento em que ele discorre sobre as possíveis finalidades da arte, lembrei-me desse ocorrido. É claro que o alemão não fala sobre a possibilidade de uma ignóbil função terapêutica para o fazer artístico, mas analisa uma concepção que se aproxima bastante, ao meu ver; a idéia da arte ter como fim a instrução. Idéia essa que ele rapidamente invalida, no seguinte trecho:

"Mas se a finalidade da instrução deve ser tratada como finalidade, de tal modo que a natureza universal do Conteúdo exposto deva surgir e ser explicitada diretamente por si como enunciado abstrato, reflexão prosaica e doutrina universal e não apenas estar contida indireta e implicitamente na configuração artística concreta, então a forma sensível e plástica, que justamente faz com que a obra de arte seja uma obra de arte, se torna por meio de tal separação apenas um acréscimo ocioso, um invólucro que, como mero invólucro, é apenas uma aparência, que foi expressamente estabelecida como mera aparência. E, assim, a própria natureza da obra de arte é deturpada".

Ao pensar o fazer artístico como uma atividade de terapia o tal diretor infringe a arte, no que diz respeito à sua não-limitação, considerando-a um mero processo valorativo em si mesmo, onde a necessidade do questionamento forma/conteúdo perde espaço para uma atividade de valor meramente lúdico, contrário à finalidade pedagógica negada por Hegel, mas igualmente falsa, por estar posicionada no outro extremo da medida; a arte não pode ser apenas instrutiva, assim como não pode ser puro entretenimento. O filósofo também chega a essa conclusão.

Afirmar que a arte teria um objetivo instrutivo significa dizer que ela deva, necessariamente, transportar um conteúdo a ser transmitido, ensinado ao observador. Quando algo tem a pretensão de ensinar alguma coisa a alguém, esse processo deve ser realizado com o mínimo de interferência, a fim de que a apreensão do conteúdo não seja prejudicada. A noção de arte como forma de ensinar esbarra então no seguinte paradoxo: arte é forma + conteúdo, e a forma, dentro dessa concepção, seria uma distração ao redor do fator essencial, o conteúdo a ser transmitido. Desta maneira o conteúdo seria elevado a uma posição muito superior à forma no objeto artístico, se possível suprimindo-a, o que sabemos não ser uma pretensão real.

Se pensarmos então no tal valor terapêutico a coisa se complica ainda mais, e chega a um nível muito inferior ao de pensar a arte como tendo valor exclusivo no conteúdo ou na forma; chegamos a uma concepção onde o fazer artístico seria o fim a ser atingido, ou seja, o próprio processo elevado a objetivo máximo, o que significa dizer que não importa a mensagem a ser passada, muito menos a forma final a ser atingida com o objeto, o que nos vale é o prazer, a serenidade do momento em que passamos o pincel sobre uma tela, ou rabiscamos algumas linhas sobre um papel. O resultado disso pouco importaria. Pode isso ser arte?



17 maio 2011

...

Well I hope that someday, buddy
We'll have peace in our lives
Together or apart
Alone or with our wives
And we can stop our whoring
And pull the smiles inside
And light it up forever
And never go to sleep
My best unbeaten brother
This isn't all I see

08 maio 2011

A violência nossa de cada dia

Como aconteceu o processo de banalização da violência em nossa sociedade? Culpa da mentalidade de consumo capitalista que transforma tudo em espetáculo? Ou, como diriam, a decadência da moral cristã na civilização ocidental, que faz com que o homem moderno perca as balizas metafísicas de seu próprio comportamento? Não tenho a menor condição de responder, só posso observar o fato, que é incontestável. A mesma observação que Amenábar faz em seu Tesis.

O cinema Snuff, com toda sua aura de mistério e inexatidão, rende muito como pano de fundo para realizações cinematográficas que buscam pensar a mentalidade de criação e consumo deste doentio material (cuja existência é ainda questionável). Consigo lembrar no momento do conhecido 8mm, do criativo, mas mal realizado, Lentes do Mal (Dread), além de um filme da série softcore Emmanuelle, o Emmanuelle na América, se não me engano.

Acredito que dentre estes, o filme de Amenábar seja um dos mais felizes na tentativa de demonstrar como a violência pode se tornar algo completamente normal para os olhos dos espectadores, quando bombardeados dia após dia com imagens violentas nos jornais impressos ou televisionados. Além disso, o diretor espanhol é muito bem sucedido em mostrar a separação que há entre os fãs da violência imaginária, fantasiosa e àqueles predispostos a praticá-la. Um dos pontos mais positivos, em um tempo em que nos fazem engolir toda cena brutal noticiada e depois acusam filmes e videogames de serem motivadores de assassinatos reais.



26 abril 2011

Aparições de Santos e o Anticristo

Sabe qual o grande problema das teorias conspiracionistas sobre a Nova Ordem Mundial? As pessoas que acreditam nelas. Vejo muitos sujeitos que se tornam completamente obcecados com o assunto, pessoas que acreditam que nada mais (nada mesmo) acontece sem antes passar pelos cérebros dos senhores do mundo. Parece que voltamos aos tempos primordiais e às explicações míticas de mundo.

Acontece então que vejo uma enxurrada de informações que, de tão numerosas, acabam anulando umas às outras. Um exemplo é sempre recorrente, algo que nunca deixou de soar contraditório para mim; o problema da tal "religião universal".

Qualquer um que tenha lido umas três linhas sobre o assunto sabe que a implantação de uma religião que seja seguida por todos os povos da terra faz parte das ambições daqueles que planejam instaurar uma nova ordem planetária. Uma religião que é chamada, por muitos dos conspiracionistas, de Religião do Anticristo. Certo, o que seria uma religião do anticristo? Obviamente, uma crença que negue a Cristo, Jesus.

O pressuposto para a instauração da nova religião é fazer com que os fiéis de todas as religiões percebam os "erros" e "perigos" que suas respectivas crenças representam para a humanidade, e que com isso sejam reordenados a uma nova fé, uma nova devoção que, invertendo toda a noção de realidade e racionalidade, prepare o homem para uma existência servil eterna.

Como já disse, esta crença arrasadora será promovida pelo Anticristo. E não há espaço para hipócritas discussões etimológicas. O Anticristo de que falam é o Anti Jesus Cristo, inegavelmente. Ora, Jesus não é uma figura pertencente ao budismo, ao hinduísmo, islamismo ou mesmo ao judaísmo. É uma figura de uma única religião. Logo, a nova crença global, que irá inverter todo o conceito de moral e justiça, que fará com que os homens se esqueçam das "verdades" sagradas irá, na realidade, banir a, presumidamente, única verdade realmente perigosa, digna de ser combatida: a verdade cristã. Isso relega às outras crenças, na visão deste tipo de conspiracionista, um espaço secundário, marginal, na existência e consciência humana. O cristianismo seria então a única crença a ser realmente derrubada (com o Anticristo) por ser a única crença real. Derrotar as outras crenças seria como varrer o restante do lixo para baixo do carpete, depois de ensacar a pilha principal.

Mas é só agora que o problema começa a aparecer. Se dermos uma rápida revisada no processo histórico podemos começar a nos perguntar: qual a religião que sempre se preocupou em expandir-se geograficamente, que sempre tentou "converter" os fiéis de qualquer outra crença existente sobre a terra? Quem lança missionários aos quatro cantos do mundo a fim de propagar a "verdade" absoluta revelada? Não é muito difícil esbarrar na resposta.

Lembro de um outro discurso conspiracionista que afirma que o capitalismo e o comunismo são duas faces da mesma moeda, brigando para, cada um ao seu modo, unificar o mundo sob um único sistema final. Não seria hora de analisar a possibilidade de o Cristianismo e o tal Anticristianismo serem duas forças complementares, a trabalhar para o forçar a humanidade a abraçar uma só crença? Quando se vê um discurso onde um sujeito afirma que a única forma de escapar ao reino de devastação de Anticristo é aceitar a Jesus, e ao pensar que essa é uma fala dirigida a toda humanidade, esse emaranhado confuso de ideias pode começar a ganhar algum sentido.

13 abril 2011

Orgulho de quê?


Estava hoje a ouvir uma banda genérica de Oi! e uma das letras me fez pensar um pouco em como é construido esse lance da violência, da imagética do violento, suas motivações e direcionamentos, e fiquei um bocado chateado. Não que eu seja um pacifista, ou algo do gênero, mas perceber como a violência é aplicada de forma completamente arbitrária, imediatista, impensada é algo que torna as coisas um tanto confusas para mim. Pois bem, eis o trecho da letra:

Dia-a-dia é tudo igual, só trabalho e massacre
Minha grana é apertada, se não perco dá empate
Batalhar para viver essa é minha realidade
O importante é ter orgulho e lutar com dignidade


Bebedeira e futebol! A minha hora enfim chegou!

Saio cedo para o estádio, não me importa como eu vou
Hoje é dia de enfrentar cara a cara o inimigo

Que vai levar em dobro tudo o que fazem comigo


O que vejo aqui é um conceito de vida, de mundo, completamente distorcido e irracional. Desde o começo, com o verso "o importante é ter orgulho e lutar com dignidade". Ter orgulho de quê, exatamente? De ter um trabalho massacrante e, mesmo assim, não ter dinheiro o suficiente? Orgulho de batalhar para viver, sob a exploração de um patrão? Por esta lógica, o escravo do Brasil colonial deveria "ter orgulho" por ser escravo. Desde quando orgulho virou sinônimo de passividade? Somos oprimidos? Sim. Fazer o quê, então? Ter orgulho disso! A única conclusão que posso tirar desta estrofe é essa. Será que foi esse o objetivo ao escreverem-na?

Mas é na segunda estrofe onde tudo se perde. Vejamos; se você é explorado, tem um emprego que destrói seu espírito, sua dignidade e sua existência enquanto ser humano, e escolhe ter orgulho disso, bem, é uma opção individual e não tenho muito ao que me opor. Mas vamos pensar na frase "enfrentar cara a cara o inimigo". Quem é esse inimigo? Pelo contexto logo sabemos que o inimigo é o outro que está no estádio, aquele que pertence ao grupo diferente do narrador da letra. É a torcida do time adversário. Por que é inimigo? Voltemos ao inicio do trecho destacado; quem faz da vida do eu-lírico da letra um massacre? O torcedor do time adversário? Não, é o trabalho. Quem o obriga a trabalhar, pois não há outra maneira de sobreviver? O outro torcedor? Novamente, não, assim como não é ele quem lhe paga o salário miserável que o faz ter uma "grana apertada". Mesmo assim, ele é o inimigo, aquele que merece "em dobro" tudo o que o capitalismo, o assassino mercado de trabalho, o patrão sanguessuga, o salário patético fazem com o narrador. E por quê? Há uma resposta para isso, fora a arbitrariedade? Possivelmente, mas não acredito que quem escreveu a letra pense nisso. Para ele, esta situação é algo que simplesmente acontece, uma briga onde qualquer um serve de bode expiatório para suas vidas frustradas.

Lembro de uma música do Facção Central em que o Eduardo - com sua racionalidade impiedosa - escreve: "O jogador em férias no Caribe e a gente aqui, jogando bomba em quem torce para o outro time". Como ele percebe, há uma visão profundamente distorcida, infantil até, em considerar um outro torcedor como inimigo. Se a vida é opressiva por conta do trabalho, pela falta de dinheiro, é mais racional (mas não parece ser o mais fácil) pensar no indivíduo que ganha mais de 20 milhões de euros por ano como inimigo, ao invés de um sujeito que provávelmente vive a mesma vida que você, de emprego e salário humilhantes.

Este tipo de atitude (a da letra) perante as coisas se assemelha ao bebê que, ao chutar o sofá e machucar o pé, bate no móvel para se vingar.

07 abril 2011

50 Questions about your Top 50

Vi no blog da Michelle e achei divertido. Resolvi gastar um tempo e copiar.
50 Questions about your Top 50
1.How did you get into no.29 (Life is a Lie) ?
Uma amiga me mandou umas mp3 da banda, há bastante tempo.

2. What's the first song you ever heard by no.22 (Dernière Volonté) ?
Acredito que pelo blog Fuoco.

3. What's your favorite lyric by no.33 (Death in June)
"But, What Ends When The Symbols Shatter?"

4. How did you get into no.49 (Lebensessenz) ?
Não lembro. Acredito que um antigo amigo de Curitiba tenha me mostrado.

5. How many albums by no.13 do you own (Sopor Aeternus)?
Nenhum, infelizmente.

6. What is your favorite song by no.44 (Ianva) ?
Tango Della Menade


7. Is there a song by no.39 that makes you sad (Combichrist) ?
De jeito nenhum.


8. What is your favorite song by no.15 (Alcest) ?
Souvenirs D'un Autre Monde. A segunda mais tocada pelo meu Last.

9. What is your favorite song by no.5 (Johnny Cash) ?
Não sei dizer... Talvez "Sunday Morning Coming Down"

10. Is there a song by no.6 that makes you happy (Ordo Rosarius Equilibrio) ?
Não.


11. What is the worst song by no.40 (Kate Bush) ?
Tem umas bem ruinzinhas. Não sei dizer...

12. What is your favorite song by no.10 (Dias de um Futuro Esquecido) ?
Aprender!


13. What is a good memory you have involving no.30 (Dropkick Murphys) ?
Nenhuma.

14. What is your favorite song by no.38 (Helloween) ?
I Want Out! Clássico!

15. Is there a song by no.19 that makes you happy (Blood for Blood) ?
"Goin' Down The Bar"! Não tem como não animar.

16. Is there a song by no.25 that makes you sad (Rise Against) ?
As músicas dos álbuns novos, que mataram a banda.

17. What is the first song you ever heard by 23 (Funeral for a Friend) ?
Rookie of the Year

18. What's your favorite lyric by no.12 (Pink Floyd) ?
Impossível responder isso.

19. Who is a favorite member of no.1 (Spiritual Front) ?
Não sei o nome de ninguém fora o Salvatori.

20. Is there a song by no.14 that makes you happy (Ultima Thule) ?
The Letter e Skinhead.

21. What is a good memory involving no.27 (Calle Della Morte) ?
As conversas com o D. sobre folk urbano e mafioso e música decadente.


22. What is your favorite song by no.16 (Impaled Nazarene) ?
Satan's Generation!!!

23. What is the first song you ever heard by no.47 (Los Fastidios) ?
Não tenho a menor ideia. Faz muito tempo e não prestei atenção quando ouvi pela primeira vez.

24. What is your favorite album by no.18 (Alanis Morissette) ?
O acústico.

25. What is your favorite song by no.21 (In Gowan Ring) ?
The Wind that Cracks the Leaves

26. What is the first song you ever heard by no.26 (System of a Down) ?
O que me fez começar a valorizar foi B.Y.O.B.

27. What is your favorite album by no.3 (Rome) ?
Confessions D'un Voleur D'ames

28. What is you favorite song by no.2 (Dance of Days) ?
Muito difícil dizer... Nem arriscarei.

29. What was the first song you ever heard by no.32 (David Allan Coe)?
Acho que "A Satisfied Mind"


30. What is you favorite song by no.8 (Current 93) ?
Todas do "Some Soft Black Stars Seen Over London"

31. How many times have you seen no.17 live (Slowdive) ?
Nunca vi nem nunca verei.


32. Is there a song by no.44 that makes you happy (Ianva) ?
Nenhuma.

33. How did you get into no.12 (Pink Floyd) ?
Com uma velha K7 do meu pai. Eu ouvia para dormir...


34. What is the worst song by no.45 (Confronto) ?
Até agora não ouvi uma que fosse de todo mal.

35. What was the first song you ever heard by no.34 (The Desden Dolls) ?
Backstabber. :)

36. What was the first song you ever heard by no.48 (Discipline) ?
Our pride.

37. How many times have you seen no.42 live (Mack Murphy & The Inmates) ?
Outra impossível...


38. What is you favorite song by no.36 (Nature and Organisation) ?
Bloodstreamruns

39. What was the first song you ever heard by no.28 (Rose Rovini e Amanti)?
Mid Summer's Dream, do Split com Sol Invictus e Andrew King.


40. What is you favorite album by no.7 (Von Thronstahl) ?
Sacrificare

41. Is there a song by no.31 that makes you happy (Comeback Kid) ?
Todas que lembram o show.

42. What is your favorite album by no.41 (Teen Cthutulhu) ?
120 Days of Sodom, provavelmente.

43. What is your favorite song by no.24 (Lifelover) ?
Sweet Ilness of Mine

44. What is a good memory you have involving no.46 (Radiohead) ?
Assistir o show na TV, com comida chinesa e a L.

45. What is your favorite song by no.35 (Migra Violenta) ?
Não sei dizer...


46. Is there a song by no.9 that makes you happy (H2O) ?
A banda existe para isso!

47. What is your favorite album by no.4 (Facção Central) ?

O Espetáculo do Circo dos Horrores


48. Who is your favorite member of no.37 (Rodrigo) ?
Alejandro, Testiculina de Macho!

49. What is the first song you ever heard by no.43 (Gogol Bordello)?
O D. me enviou uma, mas não lembro qual foi...

50. What is your favorite song by no.20 (Varunna)?
"Mala" ou "Ichnusa"

05 abril 2011

"Tonight this one's for us..."

Por mais que, em certos momentos, tentemos selecionar melhor as palavras, certas coisas só podem ser expressas, com o devido sentimento, com expressões como "foda". E o meu rápido comentário é sobre como é foda sentir que há algumas pessoas realmente do seu lado, e como podem fazer com que seu peso sobre a terra se torne muito mais suportável.

E por isso, esta é para todos, e para nós:

Hey brother!
I see what they done to you.
Hey brother!
Can you see what they done to me to?
No where to turn and we got nothing to lose,
But you can count on me if I can count on you. It's true!

Hey brother all we've got's each other
In a world of shit, y'know they made us suffer.
Hey brother all they let us have is each other
So let's fuck society up...

They'll never see the side of life I've seen
They'll never understand what made this hatred inside me breathe.
I found my family on the city streets
Because they locked me out of their American dream. They lie!
And through those years of redemption denied
I couldn't see the truth through the blood in my eyes. They lie!
I know they want to tear us up my friend,
But we can spit in their face until the bitter end, my friend!

Hey brother! I see what they done to you!
For you I will fight!
Hey brother! You can see what they've done to me too!
For you I'll do it right!
Hey brother! We got nothing to lose, it's true!
For you I'll defy!
Hey brother! So tonight this one's for you!
For you I'll fucking die...

Hey brother, all we got's each other
And they been treatin' us rough.
Hey brother, all they let us have's each other
So tonight this one's for us.

Hey brother, all we got's each other
Through these years so rough.
Hey brother, all they let us have's each other
So let's fuck society up.

They won't break my heart again.
They will never take my heart again. never again
They won't break my heart again. never again
They will never tear us up again, my friend.

And so...
Tonight this one's for us...

29 março 2011

E livrai-nos de todo o mal

Eu sempre observei uma hipocrisia inerente a certas pessoas, certos movimentos e posturas. Uma porção de coisas nunca cheirou muito bem para mim e mesmo que tenha me aproximado de uma variedade de assuntos nos últimos tempos, esse mal-cheiro não desapareceu. Na verdade, torna-se mais terrificante com a proximidade. Um odor de velhas correntes, ou melhor, enormes pesos que, disfarçados de asas com belas plumas, prometem uma liberdade que só pode ser alcançada mediante certas condições. As condições que eles julgam corretas, as condições que formam moldes de como alguém deve ser. E se você não for como querem, não seguir todos os preceitos e dogmas, é o reacionário, o monstro pronto a devorar toda criancinha que aparecer no seu caminho.

Serve de ilustração a velha história, a ladainha que sempre vi ocorrer no meio black metal. Milhares e milhares de bandas e indivíduos envolvidos com esse tipo de som pregam as mais inenarráveis barbaridades contra os cristãos; da sodomia de virgens e freiras à decapitação e desmembramento do Cristo em si. Até aí é tudo bonito, tudo certo. Ser anticristão é algo que gera orgulho. É como sentir-se um guerreiro que combate um monstro inimigo de toda a civilização. E o que acontece quando uma banda dedica a mesma virulência contra os judeus? Se não estou completamente errado, as duas religiões vem da mesma raiz (e há ainda uma terceira, quem diria!?). O que acontece? Anti-semitismo! Nazismo! Monstros racistas e desprezíveis!

O mais absurdo é observar que muita (e muita gente mesmo) não percebe a contradição lógica que ocorre em apoiar uma coisa e ser contra a outra, principalmente de forma tão veemente. Muitos dirão "mas estamos falando de religião em um caso, no outro são pessoas". A argumentação é falha. Uma enormidade de bandas anti-cristãs não pregam apenas contra as normas religiosas, seus mitos fundamentais, etc. pregam, sim, uma caça generalizada a indivíduos cristãos, não interessa se são pessoas, se são negros, brancos, homens, mulheres, alienígenas convertidos. Em uma vasta coleção de letras podemos encontrar incitação direta à violência contra essas pessoas, violência física, moral, sexual. Agora, quando se lê a incitação à violência contra um "judeu" (como vimos, falar religiosamente ou etnicamente não faz diferença neste contexto) estão abertos precedentes para uma descarga de ações politicamente corretas que essas mesmas pessoas desprezam contra um outro inimigo selecionado.

O que cria este comportamento? Um senso moral? Se alguém acredita nisso, mesmo parecendo desnecessário dizer, será necessário observar que apoiar o extermínio, mesmo que metaforicamente, dos cristãos, inclusive enquanto indivíduos, não pode ser considerada uma atitude muito moral.

Não é meu objetivo agora pensar a construção dessa ingênua e aberrante falsa ética, logicamente falha, mas há muito a respeito para se raciocinar. No fundo, gostaria de saber se esses personagens tão anti-cristãos, que se enchem de dedos para apontar e ladrar contra alguma palavra de afronta aos judeus, são favoráveis, por exemplo, ao massacre dos cristãos Karen na Birmânia.

22 março 2011

Prece

Please god,
grant me the serenity
to accept the things that i cannot change
the courage to change the things that i can.
and the wisdom to know the difference.

Please God, grant me the serenity to accept the fact
that the human race is all things good
and all things evil at the same time for all time.
Grant me the courage and strength not to give up
On what I know is right even though I know it's hopeless.
And please give me the wisdom to take it day by day.

16 março 2011

Ou você lê jornais ou tem informação

Tenho me tornado uma pessoa bastante desconfiada. Não acredito mais em muita coisa; quase nada para dizer a verdade. Um exemplo de por que tenho exercitado minha descrença aconteceu hoje, durante uma reportagem sobre a situação do Japão. Com os problemas em uma usina nuclear, a radiação era medida de hora em hora em um grande centro urbano japonês. Alguns cientistas diziam que a radiação estava 10 vezes mais alta que os níveis normais, enquanto a cruz vermelha afirmava estarem os níveis dentro do tolerável. O governo dos EUA instruiu seus cidadãos a manterem-se a pelo menos 80km de distância da zona de contaminação, enquanto o governo do Japão afirma que o necessário são apenas 30km. Afinal, em quem o povo deverá acreditar?

Parece que há uma técnica aqui: fornecer várias informações controversas para que, no auge da confusão, não haja muito o que fazer, afinal, ninguém sabe como agir exatamente. Manter a passividade por meio da desinformação camuflada em informação.

Bem, este não era o foco. O episódio a que quis aludir com o título diz respeito a uma matéria que li agora a pouco no site do G1. A notícia fala sobre a polêmica das lojas Renner e o moletom do Skrewdriver. No final do texto há a informação de que a banda "possivelmente tenha conexões com grupos neonazistas brasileiros" e que há indícios de que ela tenha tocado aqui em 2009. Bem, qualquer um que tenha pelo menos acesso à internet sabe que a banda acabou em 1993, com a morte de seu líder. Assim, fico a pensar: quantas pessoas não ficaram estupefatas, ou mesmo amedrontadas ao lerem, em um veículo de pretensa "informação", a notícia de que uma banda neonazista famosíssima esteja frequentando nosso país?

Não é de espantar que haja teorias que acusam a mídia de ser uma horripilante conspiração para promover o emburrecimento completo da população, quando não dizem ser ela uma ferramenta de manipulação esquerdista, como nas crenças de um Olavo de Carvalho da vida.

03 março 2011

Dor ou revolta?

Pensei, pensei e pensei. Lembrei do nome da banda. Aceitar a dor ou revoltar-se? Aceitar ficar acuado ou contra-atacar? No final, a escolha é apenas sua.

11 fevereiro 2011

Caiu!

Eu assisti o livestream pela Al Jazeera. Vi quando Mubarak afirmou que só sairia do poder em setembro. Ouvi as pessoas gritando e tirando seus sapatos, para balançar em frente ao ditador. Isso foi ontem.

Agora (14:10) vejo o anúncio, em tempo real, de que Mubarak abandona o poder. É uma sensação estranha, daquelas de quando você não tem nada a ver com o assunto (ou parece não ter) mas se sente parte. Involuntariamente seu corpo responde à sensação de vitória, ao lado de um povo do qual nunca se aproximou.

24 janeiro 2011

Amor e devoção

Clipe novo dos Ordo Rosarius Equilibrio. É bem mais simples que o vídeo anterior (IMBECILE), mas gostei mais dele. O vídeo conta ainda com uma participação - apagada, sendo sincero - do Salvatori.

11 janeiro 2011

Projeto: mais blog

Primeira escrita de 2011. Pensei em vir aqui antes, mas como estou de viagem, não o fiz. Não que não tenha tido oportunidade, não tive vontade. Fico a pensar em uma forma de aumentar minha assiduidade com o Brasilis. Não que isso aqui tenha alguma importância ou significação maior, mas é uma forma de exercício, algo sem objetivo algum a não ser para mim mesmo. Por coincidência, enquanto pensava nisso, vi no blog da Michelle a ideia de um projeto 365, que consiste basicamente em escrever qualquer coisa, todos os dias do ano. É algo que parece ser bem legal e, excluindo meu pavor de imitar as outras pessoas (por mais que isso aconteça, querendo ou não), pensei em adotar algo para este espaço. Na verdade ainda estou a pensar, já que durante a viagem as coisas podem não render muito.

Para voltar à atividade normal, assisti aos dois primeiros filmes do ano: Defendor e Spun.

Defendor é um ótimo filme, com uma trama muito bem construída e dramática. Tenho o costume de me interessar por filmes pelos mínimos detalhes, seja por uma indicação rápida ou simplesmente por simpatizar com a capa. Sempre procuro ler o menos possível sobre o filme que vou assistir. Raramente me interesso em saber algo da trama antes de assistir, e foi assim que tive minhas melhores surpresas cinematográficas. Desta forma, pensei que Defendor fosse um filme do estilo "super-herói do mundo real", algo meio Watchmen. Doce engano, o filme é muito melhor que qualquer expectativa deste tipo.

Já o outro filme, Spun, decepcionou-me muito. Personagens sem carisma e nada convincentes, história praticamente morta, que anda, anda e não para em lugar algum. É um filme em que o sentimento de "não acontecer nada" chega a níveis angustiantes. Confesso que tive de parar de ver depois de uma hora, dormir, e só terminar na manhã seguinte, tamanho o tédio. Fora isso, ainda há o excesso de estética moderninha que, para mim, detona boa parte de qualquer filme. Pode parecer um pré-conceito, e já parei para pensar nisso, para chegar à conclusão de que é um conceito formado. Esses efeitos estilo "tremelique", "câmera nervosa", closes absurdos, aumento da velocidade da cena, etc. deixam-me constrangido a ponto de ter vergonha do que estou vendo. É tipo ver cena de sexo com sua avó na sala.