02 setembro 2009

Patrões, os acovardadores do homem

Uma das coisas mais degradantes no homem moderno é a forma como ele é capaz de vender sua dignidade a um ser supostamente superior, conhecido como patrão. E de onde provém essa aura de superioridade? Do ato de nos pagar, logicamente. Assim, o sujeito perde toda a vontade própria, toda a opinião quando em face desta divindade que representa o sagrado espólio mensal. Ousar desafiá-lo, questioná-lo, por mais que ele esteja errado, é impraticável, pois manter um emprego é mais importante que afirmar-se como um sujeito com vontades e opiniões.

É claro que para muitas pessoas - principalmente em um país como o nosso - manter o emprego atual é um procedimento seguido com um rigor quase religioso, já que conseguir um outro torna-se cada vez mais complicado, e as necessidades talvez não possam superar este sacrilégio. Então, a questão não é não se preservar em um trabalho, mas outra; é quando esse sentimento de preservação se torna tão grande, tão exagerado, que se transforma em medo, paranóia de ser dispensado a qualquer momento. É aí que o homem, por mais contrariado que esteja com os procedimentos de seus atuais superiores, com suas formas de administração, não comete a heresia de se manifestar, de expressar seu descontentamento, mesmo para as com os mínimos episódios que não representariam dano nenhum ao seu emprego.

O homem se transforma, simultaneamente, em um grande covarde e um grande hipócrita - e talvez todo grande covarde seja um grande hipócrita -, pois ao mesmo tempo em que se nega a expressar suas opiniões quando em frente ao superior, às suas costas acaba-se em palavrórios contra ele.


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