20 novembro 2019

Eu invoco Tahuti, o Senhor da Sabedoria e da Elocução!

Uma breve hierarquia dos deuses expostos em Liber Israfel, sub figura LXIV. Todos os deuses são egípcios, de diferentes regiões e períodos. As divindades são listadas por ordem de aparição no texto. 




TAHUTI - Outro nome para Thoth. Deus egípcio da Sabedoria, da Magia, inventor da linguagem. Divindade lunar, por refletir o pensamento de Ré. É listado como Magister Templi em Liber CCCXXXIII (O livro das mentiras). Thoth é considerado O Grande Iniciador. É representado com uma cabeça de Íbis (em ocasiões mais raras, com uma cabeça de babuíno). Segura um cetro was ("varinha de duplo poder) na mão direita; na esquerda, um ankh (a Rosa Cruz de Luz e Vida).




RÁ - A transliteração correta para o português é Ré, sendo Rá admissível apenas como elemento inicial ou medial (Como em Ramsés, "nascido de Ré"), mas nunca final ou isolado. 

Ré tinha supremacia no panteão egípcio. Como Deus Sol, era fundamental para uma cultura primordialmente agrícola, como a dos egípcios. Ao amanhecer era visto como uma criança recém-nascida ou uma vaca celeste. Recebia nessa forma o nome de Kepri (Kephra)Ao por do sol era Atum (Tmu), um velho descendo para a terra dos mortos.  

É apresentado como um homem com cabeça de falcão. Em cima de sua cabeça leva o disco solar envolto por Uraeus, a serpente que destrói os inimigos do deus, cuspindo fogo. Carrega também um ankh e um cetro was.


PTA - (Ou Tanen, Ta-Tene, Tathenen, Peteh) é um deus criador, patrono e divindade de Memphis. É também patrono dos trabalhos em pedra. Casado com Sekhmet ou, em mitos mais raros, com Bastet. Pta é pai de Nefertem, Mihos e Imhotep. Alguns mitos incluem Ré entre sua prole.

Sua representação artística é de um homem mumificado, segurando um cetro com um ankh, um was e um djed. Frequentemente usa também um "elmo" de caveira.

Na mitologia de Memphis, Prá é o único criador de todo o mundo e de tudo em seu interior. Ptá não foi criado. Ele é.




NU - Palavra para "espaço" em Thelema, como no verso "Eu ando sobre o firmamento de Nu", em Liber LXIV. Quando acrescentado do sufixo -IT, a noção de espaço é personificada em uma divindade, ou forma-deus, Nuit, a Deusa egípcia do espaço, do céu, do cosmos, da astronomia. Era vista como uma mulher nua, cujo corpo, coberto de estrelas, se arqueava sobre a terra. Carrega um ankh e um pote de água sobre a cabeça. 

KEPHRA - Deus associado ao escaravelho (Kepher). Personifica o renascimento, a renovação. Os egípcios acreditavam que os escaravelhos eram formados de matéria morta.

Kepher, o escaravelho, significa "vir a existir". Kephra era uma divindade solar que empurrava o sol, assim como o escaravelho empurra os dejetos.

Quando o culto a Ré - antes um culto rival - ganhou relevância no egito, Kephra passou a simbolizar uma das facetas de Ré; o sol nascente, que "vem a existir".



TMU - (Nome mais comum: Atum. Também Tem, Temu). Assim como Kephra, foi um deus incorporado ao culto de Rá. Antes era a divindade mais importante em Iunu (Heliopolis), onde desempenhava o papel de deus criador.

Atum gerou uma explosão primordial - de forma planejada - que deu origem aos corpos celestes do universo. Ele cria o sol, depois vem a tornar-se a si mesmo, quando incorpora-se a Ré, transformando-se em Atum-Rá.

Atum não tinha parceiro, por isso seu primeiro ato criador é sem relação sexual. No começo não havia nada, apenas a vastidão de terra, então Atum teria cuspido, de onde nasceram os gêmeos Shu (pai de Nu) e Téfnis.

Como aspecto solar, Atum representava o sol poente, que mergulha no submundo todas as noites.

xxx

O Deus que comanda está em minha boca! 
O Deus da Sabedoria está em meu Coração! 
Minha língua é o Santuário da Verdade! 
E um Deus está sentado em meus lábios. 

Liber Israfel. 

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Fontes: 
thelemapedia.org
ocultura.org.br
hermetic.com
ancientegyptonline.co.uk

13 novembro 2019

XXX


I
O que se chama de justiça não é um fato da natureza. A natureza não é moral ou teologicamente justa. Ela apenas é. Por esse motivo não falemos mais de justiça, mas de equilíbrio.
                Tudo no universo se equilibra, ou caminha para esse objetivo. Do Alfa ao Ômega sobre os pratos da mulher que, satisfeita, tudo observa. Aquela que é a dança, em eterno rodopio. A cadeia que faz a mais mísera ação influenciar todo o universo. No Oriente seu nome é Karma.
                Assim, a tarefa do homem deve ser em direção à firmeza do equilíbrio. Forma eficaz de treinar e construir a vontade. O equilíbrio fomenta as estratégias de combate às crenças enraizadas. Identificar ervas daninhas no pensamento e não sucumbir a elas.
                O equilíbrio cria os alicerces para o trabalho, e as dificuldades do trabalho criam a força para vencer. O triunfo só é dado àquele que é ameaçado. Não há forma de purificação terrena além dessa. Buda teria alcançado a consecução sem Mara?
                Mas o vitorioso não deveria carregar consigo a vaidade. Aquele que sabe muito reconhece a própria ignorância. Um homem tolo é mais digno de esperança do que um sábio presunçoso. Há uso para quase todos os sentimentos. Quase todos podem ladrilhar o caminho de alguma forma. Menos o orgulho. O orgulho é sempre inútil.
                Na vaidade o homem condena o homem. E como pode o primeiro presumir que agiria de forma diferente, sob as mesmas condições impostas ao último? E se, mesmo assim, tendo a certeza de que resistiria às tentações, como se pode vilipendiar alguém por ser mais fraco? 
                Então do equilíbrio e da força vem a alma firme. O princípio da coragem, que afasta o fracasso; medo é o fracasso, e semeia o fracasso.
                Destarte, aquele que sobe, deve prostrar-se diante de seu eu superior, mas não tem o direito de temer coisa alguma sobre a terra. E mesmo na coragem, há de buscar o equilíbrio. Não temer não significa desacatar. Os grandes, amigos ou inimigos, não são merecedores de desprezo ou ofensa. Combater o que é necessário, mas não injuriar, pois a injuria, a zombaria, o desprezo e as ofensas pavimentam a estrada do engano.

II
                O homem, como parte da humanidade, não afeta apenas a si mesmo através de suas ações, mas ao todo. “Há espaço entre você e o sol?”, pergunta o professor. Não há lugar vazio, assim como não há ação que não reverbere por todo lado, para sempre.
                O corpo material é o veículo do trabalho, e esse responde ao equilíbrio. Que a razão e as emoções sejam disciplinadas, e daí ocorra a constância da mente, o que livra das perturbações. Olhai para o alto, para além da desordem material. Aquele que pensa no divino é, do divino, objeto de pensamento.
                O trabalho é executado por ter valor em si mesmo. Ansiar por resultado é ansiar. E ansiar é sofrer. Tudo que tiver de realizar, deve realizar da melhor maneira possível. A atividade é força para o corpo e a mente.
                Assim também é com o que é feito pelos outros. O que chamamos de “bem”, deve ser feito pela simples realização do trabalho. Já ensinou o Sempre Senhor que o desejo por recompensa é se aferrar à escravidão. A ação, pelo puro amor, é o caminho para a liberdade.
                E que fique claro, além do mais, que amor é o contrário de negligência. Amar significa, também, disciplinar, como nos ensinam as lições da contagem dos 49 dias. Os dois pilares devem estar em equilíbrio. Para sempre, Amém.

III
                Lemos um cartão postal que nos lembra de nossas limitações nesta existência. Que mesmo ser um Deus da Terra significa ser pó perante o cosmos. Qual motivo teria então para se orgulhar, boneco de carne e sangue?
                Abole o orgulho, mas eleva o respeito próprio. Pecar contra si próprio é, talvez, o único pecado. E desses o pior é rejeitar o conhecimento, por fechar os olhos ao que não confirma sua “verdade”. 
Já apontou um homem Santo que, em nosso cérebro, dois habitam; um pensa, o outro trabalha incessantemente para encontrar em tudo validação para o que pensamos. Seu foco é reafirmar nossos preconceitos. Seria preciso aconselhar que se desconfie dele? Nas palavras do mesmo Santo, crer é matar a inteligência.
Aquele que assim caminha e vigia, gradualmente, desbravará as cavernas e submundos, voará nas alturas a plenos pulmões, dançará com o fogo da vontade e banhar-se-á nas águas mais puras. E que sempre tudo isso seja com o olhar voltado para o Altíssimo, pois se a busca é por satisfação dos caprichos terrenos, atrairá apenas o Fraco, e o Fraco lhe tornará Fraco, e reinara sobre ele.

Inspirado nas palavras de Crowley, Vivekananda, Buda, Krishna e RAW. 

Drop here!