28 setembro 2010

"Give them hope, give them strength..."

Eu me consterno fácil com várias coisas, com pessoas que nem conheço. Um sentimento de solidariedade construiu-se em mim com o passar dos últimos anos. Aquece-me o espírito ver duas mulheres de quase quarenta anos caminhando em direção ao colégio, a comentar de suas dificuldades nos estudos, com a mesma aflição e pureza (acredito que até mais) que um par de pré-adolescentes em idade escolar.

Acaba com minha noite ver, na rodoviária, senhoras mais velhas que minha mãe tendo de vender balas e refrigerantes para sobreviver. E não tenho ouvidos para o discurso reacionário covarde do "isso que dá não estudar".

Por mais que em muitas situações eu tenha vontade de não ligar para nada disso, que veja que na maioria das vezes o povo é o maior culpado pela grande maioria de suas dificuldades, por tamanha sujeição e alienação, por mais que tenha ímpetos de transformar minha visão em um totalitarismo aristocrático elitista von-thronstahlniano, quando vejo a senhora das balas na parada de ônibus, sinto que há algo de errado com o mundo.

20 setembro 2010

O que sou hoje...

O que eu sou hoje é como a umidade no corredor do fim da casa,
Pondo grelado nas paredes...
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas lágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio...

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos ...
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim...
Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!

Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...
A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com mais copos,
O aparador com muitas coisas — doces, frutas, o resto na sombra debaixo do alçado,
As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa,
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos. . .

Pára, meu coração!
Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira! ...

O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...



Álvaro de Campos

15 setembro 2010

Detruit Tout

Sabe aquela cena do This is England, em que o Combo soca o Milky até à morte? Tudo o que leva até aquele ponto? Aquilo é fantasticamente trágico. E faz tanto sentido. É fantástico por ver como a essência da coisa foi captada; trágico por ver como tudo pode ser destruído tão facilmente...



Good times for a change
See, the luck I've had
Can make a good man
Turn bad

So please please please
Let me, let me, let me
Let me get what I want
This time

Haven't had a dream in a long time
See, the life Ive had
Can make a good man bad

So for once in my life
Let me get what I want
Lord knows, it would be the first time
Lord knows, it would be the first time

Clayhill