01 junho 2016

Mar

Sempre senti algo curioso ao contemplar o mar. Durante as poucas vezes que tive essa oportunidade, no decorrer dos anos, pude lapidar esta sensação, tentar entendê-la, saber o que realmente eu sentia. Sabia não se tratar apenas do sentimento de encontrar algo belo, mas alguma coisa mais forte, que me causa uma pequenez estranha e arrebatadora. 

Nos últimos tempos, no contemplar desta monolítica massa de aparência azulada, tenho pensado na história, em como esse mesmo mar que eu vejo foi visto por todos os homens que antes de mim estiveram no mesmo lugar, nas mais longínquas eras. Assim me sinto parte de um todo, de um contínuo em que, nem aqueles que estiveram aqui antes de mim, nem eu, nem os próximos homens farão a menor diferença para este oceano arrebatador. Pensamentos apenas arranhando a superfície do que realmente eu gostaria de dizer sobre minhas sensações. 

Hoje encontrei o que sempre quis expressar. Graças a Schopenhauer entendi que tudo o que sempre senti foi exatamente o que ele chama de Sublime; esse arrebatamento do sujeito perante uma força muito maior que ele, que não se curva à sua Vontade, que é indiferente à sua individualidade, e que só nos deixa, como alternativa, o tremor horrorizado pela consciência de nosso nada, ou a apreciação pura, desconexa dos nosso desejos, reconhecendo no objeto admirado algo muito superior a nós, O Sublime.