10 outubro 2011

Silenciosa

Hoje fui ao Giraffas comprar algo pra jantar e, enquanto esperava meu pedido, comecei a observar um casal com uma menina na fila. Um sujeito gordo, de camisa pólo gasta, bermuda jeans e chinelos. A mulher com um velho casaco de lã. Ela se abaixou para fazer algum gracejo com a menina enquanto o homem pedia e pagava. Depois sentaram-se em uma mesa à minha frente para esperar também. A primeira coisa que a mulher fez foi colocar o cotovelo na mesa e apoiar a cabeça na mão. Olhava para a parede, de um modo tão distante que a envelhecia em não sei quantos anos. A mão espalmada na bochecha deixava à vista a grande aliança dourada. Perguntei-me se era esse o significado daquele anel, sentar para jantar com aquele que o botou no seu dedo, sem trocar uma palavra.

O homem começou a brincar com a menina, e ela parecia feliz. A mulher olhava para os dois como se olhasse para dois estranhos, ou como se assistisse a um programa sem muita importância à televisão. O sujeito não dirigia o olhar para ela, só brincava distraído com a garotinha. A mulher voltou a fitar a parede.

Senha 191; livrou-me daquela cena.

2 comentários:

  1. Uma das coisas que acho mais estranhas é ver casais como esses, onde não existe nenuma aura de prazer pela companhia do outro.

    Pior que esses são os que, quando vão comer em algum lugar, sentam-se não um na frente do outro, para ter uma conversa, mas sim lado a lado para comer olhando para uma televisão. Fazer isso em casa pode até ser aceitável. Mas em um restaurante me parece absurdo.

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  2. Completamente absurdo Leandro, completamente... Ver essa cena é tão comum em shoppings. Aliás, as cenas dos dois extremos; casais extremamente apaixonados que, se voltarem ali 10 anos depois, poderão estar como o casal do Giraffas.

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