
Herman
Hesse.
Essa passagem do Lobo da Estepe me fez pensar na ideia muitas vezes discutida a respeito da personalidade nos meios da Magia do Caos. A personalidade vista como uma forma de prisão, uma grade em que nos aprisionamos por conta própria, e que com o passar dos anos vai se solidificando, principalmente ao nos preocuparmos em manter uma “imagem” para os outros, artificial, criada por nós mesmos.
Enxergamo-nos dentro de um paradigma delimitado, e qualquer desvio daquilo que temos como preconcebido a respeito de nossa personalidade causa o temor de praticarmos comportamentos que poderão ser percebidos como caricatos, ou no mínimo inferiores à imagem que presumimos fazerem de nós quando, possivelmente, essa preocupação simboliza o suprassumo do ridículo.
Neste sentido recordo algumas praticas que intentam a libertação do indivíduo da própria personalidade (ou pelo menos o afrouxamento dessas amarras), e que visam abrir espaço em nossa “percepção da realidade” para diferentes possibilidades comportamentais, para a aceitação de novas concepções de uma existência plural e multifacetada, que provavelmente se adaptaria melhor à nossa existência como seres pensantes.
Então me reporto mais uma vez a Hesse, dessa vez não pela voz do próprio Lobo da Estepe, mas do tratado que, no livro, leva esse nome:
“E se em algumas almas humanas, singularmente dotadas e de percepção sensível,
se levanta a suspeita de sua composição múltipla, e, como ocorre aos gênios,
rompem a ilusão da unidade personalística e percebem que o ser se compõe de uma
pluralidade de seres como um feixe de eus, e chegam a exprimir essa ideia, então
imediatamente a maioria as prende, chama a ciência em seu auxilio, diagnostica
esquizofrenia e protege a Humanidade para que não ouça um grito de verdade dos
lábios desses infelizes”.
Ao som de: Saturnus - I long
Ao som de: Saturnus - I long