I
O que se chama
de justiça não é um fato da natureza. A natureza não é moral ou teologicamente
justa. Ela apenas é. Por esse motivo não falemos mais de justiça, mas de
equilíbrio.
Tudo
no universo se equilibra, ou caminha para esse objetivo. Do Alfa ao Ômega sobre
os pratos da mulher que, satisfeita, tudo observa. Aquela que é a dança, em
eterno rodopio. A cadeia que faz a mais mísera ação influenciar todo o
universo. No Oriente seu nome é Karma.
Assim,
a tarefa do homem deve ser em direção à firmeza do equilíbrio. Forma eficaz de
treinar e construir a vontade. O equilíbrio fomenta as estratégias de combate
às crenças enraizadas. Identificar ervas daninhas no pensamento e não sucumbir
a elas.
O
equilíbrio cria os alicerces para o trabalho, e as dificuldades do trabalho criam
a força para vencer. O triunfo só é dado àquele que é ameaçado. Não há forma de
purificação terrena além dessa. Buda teria alcançado a consecução sem Mara?
Mas
o vitorioso não deveria carregar consigo a vaidade. Aquele que sabe muito
reconhece a própria ignorância. Um homem tolo é mais digno de esperança do que
um sábio presunçoso. Há uso para quase todos os sentimentos. Quase todos podem
ladrilhar o caminho de alguma forma. Menos o orgulho. O orgulho é sempre
inútil.
Na
vaidade o homem condena o homem. E como pode o primeiro presumir que agiria de
forma diferente, sob as mesmas condições impostas ao último? E se, mesmo assim,
tendo a certeza de que resistiria às tentações, como se pode vilipendiar alguém
por ser mais fraco?
Então
do equilíbrio e da força vem a alma firme. O princípio da coragem, que afasta o
fracasso; medo é o fracasso, e semeia o fracasso.
Destarte,
aquele que sobe, deve prostrar-se diante de seu eu superior, mas não tem o
direito de temer coisa alguma sobre a terra. E mesmo na coragem, há de buscar o
equilíbrio. Não temer não significa desacatar. Os grandes, amigos ou inimigos,
não são merecedores de desprezo ou ofensa. Combater o que é necessário, mas não
injuriar, pois a injuria, a zombaria, o desprezo e as ofensas pavimentam a
estrada do engano.
II
O
homem, como parte da humanidade, não afeta apenas a si mesmo através de suas
ações, mas ao todo. “Há espaço entre você e o sol?”, pergunta o professor. Não
há lugar vazio, assim como não há ação que não reverbere por todo lado, para
sempre.
O
corpo material é o veículo do trabalho, e esse responde ao equilíbrio. Que a
razão e as emoções sejam disciplinadas, e daí ocorra a constância da mente, o que
livra das perturbações. Olhai para o alto, para além da desordem material.
Aquele que pensa no divino é, do divino, objeto de pensamento.
O
trabalho é executado por ter valor em si mesmo. Ansiar por resultado é ansiar.
E ansiar é sofrer. Tudo que tiver de realizar, deve realizar da melhor maneira
possível. A atividade é força para o corpo e a mente.
Assim
também é com o que é feito pelos outros. O que chamamos de “bem”, deve ser
feito pela simples realização do trabalho. Já ensinou o Sempre Senhor que o
desejo por recompensa é se aferrar à escravidão. A ação, pelo puro amor, é o
caminho para a liberdade.
E
que fique claro, além do mais, que amor é o contrário de negligência. Amar
significa, também, disciplinar, como nos ensinam as lições da contagem dos 49
dias. Os dois pilares devem estar em equilíbrio. Para sempre, Amém.
III
Lemos
um cartão postal que nos lembra de nossas limitações nesta existência. Que mesmo
ser um Deus da Terra significa ser pó perante o cosmos. Qual motivo teria então
para se orgulhar, boneco de carne e sangue?
Abole
o orgulho, mas eleva o respeito próprio. Pecar contra si próprio é, talvez, o
único pecado. E desses o pior é rejeitar o conhecimento, por fechar os olhos ao
que não confirma sua “verdade”.
Já apontou um
homem Santo que, em nosso cérebro, dois habitam; um pensa, o outro trabalha
incessantemente para encontrar em tudo validação para o que pensamos. Seu foco
é reafirmar nossos preconceitos. Seria preciso aconselhar que se desconfie
dele? Nas palavras do mesmo Santo, crer é matar a inteligência.
Aquele que
assim caminha e vigia, gradualmente, desbravará as cavernas e submundos, voará
nas alturas a plenos pulmões, dançará com o fogo da vontade e banhar-se-á nas
águas mais puras. E que sempre tudo isso seja com o olhar voltado para o
Altíssimo, pois se a busca é por satisfação dos caprichos terrenos, atrairá
apenas o Fraco, e o Fraco lhe tornará Fraco, e reinara sobre ele.
Inspirado nas palavras de
Crowley, Vivekananda, Buda, Krishna e RAW.
Drop here!
Nenhum comentário:
Postar um comentário