13 dezembro 2010

Vivo


"Quando se vive para a vingança,
e o objeto dessa vingança morre,
a vida não faz mais sentido"




Assisti Zinda, que eu pensava ser, declaradamente, um remake do maravilhoso Oldboy. Ao pesquisar sobre o filme descobri que os produtores não afirmam que, sequer, basearam-se no filme sul-coreano, ou seja, juram de pés juntos que as semelhanças são meras coincidências. Certo, então. É fácil acreditar.

Excetuando a cara de pau dos realizadores indianos, o filme é ótimo. Confesso que o baixei apenas para rir do que achei ser uma completa trapalhada, praticamente uma paródia do original. Em vários momentos Zinda parece mesmo um outro filme, pois muitos pontos da história foram mudados, mas não há como fugir da saga de vingança de Oh-Dae Su. Estão aí os mais de dez anos preso em saber o porquê, o treinamento dentro da cela, o momento em que as técnicas de luta são testadas contra uns marginais na rua, e a famosa cena de luta contra dezenas de capangas, em um take só. Esperava muito por esta parte, e não me decepcionei. Mesmo não tendo a grandiosidade da cena original, Gupta (o diretor de Zinda) soube recriar algo digno, realocando a cena que, originalmente parece um jogo em 2D, para uma tomada em profundidade, utilizando as três dimensões.


Algo interessante de notar em Zinda é como a sexualidade é tratada de forma muito diversa ao filme sul-coreano. Não há qualquer menção ao incesto (que, segundo li, é um imenso tabu na Índia), e as cenas de "sexo" são apenas sugeridas. Em Oldboy há um momento em que alguns homens capturam a personagem Mi-Do e a amarram. Quando Oh-Dae Su chega na casa, Mi-Do está com a blusa aberta, e um seio de fora. Na versão Indiana a personagem Jenny está com a blusa aberta, mas de sutiã, o que nos passa a impressão de que os homens não tiveram ainda tempo de tocá-la, o que é desmentido pelo diálogo.


Concluindo, é um Oldboy indiano. Mas um Oldboy bastante diferente. Praticamente um outro filme que chupou algumas das sacadas geniais de Chan-Wook Park para compor uma outra história. E, para considerá-lo um bom filme, basta assisti-lo sem ter em mente o original.

Nenhum comentário:

Postar um comentário