08 maio 2011

A violência nossa de cada dia

Como aconteceu o processo de banalização da violência em nossa sociedade? Culpa da mentalidade de consumo capitalista que transforma tudo em espetáculo? Ou, como diriam, a decadência da moral cristã na civilização ocidental, que faz com que o homem moderno perca as balizas metafísicas de seu próprio comportamento? Não tenho a menor condição de responder, só posso observar o fato, que é incontestável. A mesma observação que Amenábar faz em seu Tesis.

O cinema Snuff, com toda sua aura de mistério e inexatidão, rende muito como pano de fundo para realizações cinematográficas que buscam pensar a mentalidade de criação e consumo deste doentio material (cuja existência é ainda questionável). Consigo lembrar no momento do conhecido 8mm, do criativo, mas mal realizado, Lentes do Mal (Dread), além de um filme da série softcore Emmanuelle, o Emmanuelle na América, se não me engano.

Acredito que dentre estes, o filme de Amenábar seja um dos mais felizes na tentativa de demonstrar como a violência pode se tornar algo completamente normal para os olhos dos espectadores, quando bombardeados dia após dia com imagens violentas nos jornais impressos ou televisionados. Além disso, o diretor espanhol é muito bem sucedido em mostrar a separação que há entre os fãs da violência imaginária, fantasiosa e àqueles predispostos a praticá-la. Um dos pontos mais positivos, em um tempo em que nos fazem engolir toda cena brutal noticiada e depois acusam filmes e videogames de serem motivadores de assassinatos reais.



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