26 abril 2011

Aparições de Santos e o Anticristo

Sabe qual o grande problema das teorias conspiracionistas sobre a Nova Ordem Mundial? As pessoas que acreditam nelas. Vejo muitos sujeitos que se tornam completamente obcecados com o assunto, pessoas que acreditam que nada mais (nada mesmo) acontece sem antes passar pelos cérebros dos senhores do mundo. Parece que voltamos aos tempos primordiais e às explicações míticas de mundo.

Acontece então que vejo uma enxurrada de informações que, de tão numerosas, acabam anulando umas às outras. Um exemplo é sempre recorrente, algo que nunca deixou de soar contraditório para mim; o problema da tal "religião universal".

Qualquer um que tenha lido umas três linhas sobre o assunto sabe que a implantação de uma religião que seja seguida por todos os povos da terra faz parte das ambições daqueles que planejam instaurar uma nova ordem planetária. Uma religião que é chamada, por muitos dos conspiracionistas, de Religião do Anticristo. Certo, o que seria uma religião do anticristo? Obviamente, uma crença que negue a Cristo, Jesus.

O pressuposto para a instauração da nova religião é fazer com que os fiéis de todas as religiões percebam os "erros" e "perigos" que suas respectivas crenças representam para a humanidade, e que com isso sejam reordenados a uma nova fé, uma nova devoção que, invertendo toda a noção de realidade e racionalidade, prepare o homem para uma existência servil eterna.

Como já disse, esta crença arrasadora será promovida pelo Anticristo. E não há espaço para hipócritas discussões etimológicas. O Anticristo de que falam é o Anti Jesus Cristo, inegavelmente. Ora, Jesus não é uma figura pertencente ao budismo, ao hinduísmo, islamismo ou mesmo ao judaísmo. É uma figura de uma única religião. Logo, a nova crença global, que irá inverter todo o conceito de moral e justiça, que fará com que os homens se esqueçam das "verdades" sagradas irá, na realidade, banir a, presumidamente, única verdade realmente perigosa, digna de ser combatida: a verdade cristã. Isso relega às outras crenças, na visão deste tipo de conspiracionista, um espaço secundário, marginal, na existência e consciência humana. O cristianismo seria então a única crença a ser realmente derrubada (com o Anticristo) por ser a única crença real. Derrotar as outras crenças seria como varrer o restante do lixo para baixo do carpete, depois de ensacar a pilha principal.

Mas é só agora que o problema começa a aparecer. Se dermos uma rápida revisada no processo histórico podemos começar a nos perguntar: qual a religião que sempre se preocupou em expandir-se geograficamente, que sempre tentou "converter" os fiéis de qualquer outra crença existente sobre a terra? Quem lança missionários aos quatro cantos do mundo a fim de propagar a "verdade" absoluta revelada? Não é muito difícil esbarrar na resposta.

Lembro de um outro discurso conspiracionista que afirma que o capitalismo e o comunismo são duas faces da mesma moeda, brigando para, cada um ao seu modo, unificar o mundo sob um único sistema final. Não seria hora de analisar a possibilidade de o Cristianismo e o tal Anticristianismo serem duas forças complementares, a trabalhar para o forçar a humanidade a abraçar uma só crença? Quando se vê um discurso onde um sujeito afirma que a única forma de escapar ao reino de devastação de Anticristo é aceitar a Jesus, e ao pensar que essa é uma fala dirigida a toda humanidade, esse emaranhado confuso de ideias pode começar a ganhar algum sentido.

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