03 agosto 2020

Imediatismo da morte em Broch.

Hermann Broch, escritor austríaco, denunciou que a ascensão do positivismo, desde os momentos de seu engatinhamento no Renascimento, fez com que o homem fosse obrigado a encarar a morte de uma nova forma, com o mesmo "senso heroico" que encara todas as coisas da vida, com o mesmo senso de realidade palpável. Assim:

"[...] ainda que o imediatismo da morte leve a encará-la olho no olho, ainda que o imediatismo de sua ameaça limite o medo a temor, um temor que se pode rechaçar do mesmo jeito que se rechaça o perigo que o invocou, a incerteza e a escuridão eterna permanecem estendidas em torno da alma humana, a morte permanece oculta no noturno e no incerto, e nessa escuridão mora o medo: o medo da incerteza da escuridão, o medo da solidão que acompanha a alma do ser humano, a começar pelo instante em que abre os olhos para a consciência até aquele em que os fecha para a eternidade, contra esse medo é possível a defesa, e ele também não pode ser amenizado - a alma do ser humano assume a tarefa de se garantir, de se proteger contra o medo".  


Nenhum comentário:

Postar um comentário