18 agosto 2010

Cybercansaço

Tenho estado cansado de internet. O mal dela é que não é como um telefone, em que você se comunica com quem quer, diretamente, sem precisar "encontrar" com algo desnecessário na trajetória. E esse "algo" é sempre incomodo, detestável, a ponto de me fazer ter vontade de nunca mais acessar nada disso, e viver isolado, a ter a certeza de que terei contato somente com aquilo que estimo, com quem gosto.

Meu cansaço maior volta-se para os intelectuais de internet. Eu fico, como posso dizer, abestalhado de ver tanta gente escrevendo textos enormes, "eruditos", lotados de citações e mais citações de trinta diferentes filósofos e/ou escritores. Cansado de ler opiniões emitidas por pessoas que não se dão ao mínimo trabalho de formular um pensamento sequer, mas se acham muito sábias por entenderem um conceito político de Platão. É isso que nossas academias nos ensinam; seu texto deve ser um monobloco de citações de pessoas que "legitimem" o seu conhecimento, assim o estudante, ao invés de construir um texto próprio, brinca com um joguinho de lego, cujos bloquinhos sobrepostos são formados por pensamentos já formulados. Cabe a ele contextualizar aquilo dentro do que pretende dizer, ou deixar que digam por ele.

Posso concluir, sem vergonha alguma: sou antiacadêmico! Sim, digo, dane-se seu diploma de direito, seu mestrado em comunicação social, suas estúpidas horas de estudo! Eu digo, dane-se Platão e sua república, dane-se a dialética de qualquer alemão que seja, se você não é capaz de produzir uma única porcaria de texto em que a espinha dorsal não sejam duzentas citações inexpressivas.

Se é necessário citar, fico com Schopenhauer quando diz que um intelectual que se vale dos pensamentos de outrem é como um careca usando peruca, que cobre a cabeça com aquilo que não é seu, por carecer de fios próprios.

2 comentários:

  1. Cara,

    Este tom vinho do topo me concede uma sensaçao tão boa. Não sei se por me lembrar veludo ou por me lembrar perversão!

    Compactuo demais com tua postura antiacadêmica, sobretudo nesta academia que temos hoje: recheada de gente estúpida e incômoda. Antes minha raiva voltava-se para a postura de ser graduado para concurso publico, hoje se volta para a desgraça intelectualóide dos corredores.

    Eu acresito que para um mundo melhor, a tarifa telefônica deveria ser menor. Ter a oportunidade de gritar com alguem sempre cai bem.

    Nos vemos no sabado hein.

    Beijo!

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  2. Eu sou a contradição em pessoa. Odeio coisas acadêmicas, não tenho a mínima paciência para citações e bla bla. Foi um parto terminar meu TCC e meu artigo da pós, com todas aquelas regras e aqueles prazos.

    E mesmo assim, trabalho em uma Universidade.
    Ai ai, essas ironias da vida. :P

    Beijo

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