03 agosto 2010

Dois mil e dez

Uma das partes mais importantes da minha vida é a música. Não muito em fazê-la, mas em ouvi-la. Ainda não consegui criar um ritmo que me satisfaça enquanto criador, e talvez nunca alcance isso então, por enquanto, fico só por ouvir.

2010 tem sido um bom ano para ouvir música. Digo por conta dos bons lançamentos que tive oportunidade de ouvir, como o Nos Chants Perdus, do Rome, ou o Immortel, dos Dernière Volonté, mas tive duas boas e reais surpresas esse ano.

A primeira: o novo da Dance of Days. Que belo disco! Depois do A dança das estações pensei que a banda iria se perder num som mais moderno, feliz e popular. Feliz engano, voltaram com um disco tão direto, agressivo e "sincero" quanto o Coração de Tróia. Nenê é um grande cara, mesmo.

Em segundo lugar, o Rotten Roma Cassino, de Salvatori e sua gangue. Quando assisti ao clipe de Darkroom Friendship pensei "certo, a banda acabou". Estava enganado. O álbum foi lançado e, embora não seja grandioso e genial como o antecessor, é um ótimo material, com belas músicas.

Outro grande momento "musical" de 2010 foi a possibilidade de ver, em São Paulo, a apresentação de duas grandes bandas americanas de Hardcore: Terror e H2O. Não conhecia muito bem o som do Terror, ouvi apenas dois álbuns, sem prestar muita atenção, e nem sei quantos a banda já lançou. Já de H2O sou um grande admirador, e estava bastante ansioso para vê-los ao vivo. As duas bandas foram espetaculares, mas é preciso dizer que o vocalista do Terror, Scott Vogel, é uma grande figura que realmente representa o espírito do que é (ou pelo menos deveria ser) o hardcore. Ele proporcionou os momentos realmente marcantes da noite, como quando disse "We are not a shit rock band, we are hardcore kids, just like you", ou quando disse que o microfone pertencia ao público e não a ele, e o jogou para que o pessoal cantasse. A parte mais bonita foi quando Scott, ao beber um gole de sua cerveja, levantou a lata de disse "com todo respeito aos amigos straight edges, que é uma coisa muito bonita". O cara sabe das coisas e, pra quem é de Brasília como eu, e vê uma separação ridícula e infantil entre sXe's "radicais" e não sxe's, foi algo belíssimo. Lembrei com isso de um trecho de uma música nova da Dance of Days, que exemplifica bem o que digo:

Olhe pra você.
Pare agora!!!
Tente entender, foi por tão pouco...
Roupas diferentes, "beber X não beber",
"amor X protesto" não deixaram ver
que roubavam aos poucos
tudo o que nos faz viver.

Enfim, apesar dos pesares do fim de semana, um grande concerto, com a melhor companhia que poderia haver. Espero ter mais oportunidades como essa em breve.



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